quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Cena da banheira em Três Homens em Conflito

Marty Mcfly em De Volta para o Futuro
3, com o figurino de Clint Eastwood
Não é à toa que três nomes formam o que alguns cinéfilos costumam chamar de “a Santíssima Trindade do western”: Sergio Leoni, Ennio Morriconi e Clint Eastwood viveram e produziram o ápice do gênero nas décadas de 60 e 70. A propósito, pode-se dizer que Sergio Leoni foi o fundador do gênero: a partir dele que surgiu o nome western spaghetti, que designava os filmes de bang bang produzidos por diretores italianos e com personagens de diversas nacionalidades, cada um atuando em seu idioma – tudo era padronizado depois na dublagem. O Frames para Sempre de hoje relembra uma cena antológica de Três Homens em Conflito (The Good, The Bad and The Ugly, 1966), a obra-prima desse trio. 

Duelo final, quando decidi-se com
quem fica o ouro enterrado
Três Homens em Conflito é o último filme da série conhecida como “A Trilogia dos Dólares” – os dois primeiros foram Por um punhado de dólares (A Fistful of Dollares, 1964) e Por uns dólares a mais (For a Few More Dollars, 1965). Esses três filmes ganharam destaque por alguns feitos importantes, como a trilha sonora revolucionária, composta pelo maestro Ennio Morricone – em Três Homens em Conflito, a cena final é embalada pela música The Ecstasy of Gold, que até hoje é tocada pelo Metallica na abertura de seus shows –; criação de regras cinematográficas próprias, inovando os filmes do gênero que eram feitos nos EUA; invenção de personagens únicos, com ênfase para “o homem sem-nome”, vivido por Clint Eastwood; descoberta de atores que antes não possuíam nenhum destaque e que mais tarde se tornariam grandes ícones do mundo cinematográfico, como o próprio Clint. Sobre ele, protagonista de toda trilogia, Sergio Leoni costumava dizer que gostava dele por “ter somente duas expressões: uma com o chapéu e outra sem ele”. Em pensar que Leoni foi processado por por plagiar o filme japonês Yojimbo (1961), de Akira Kurosawa, no primeiro filme da trilogia. Por conta do processo, o cineasta japonês embolsou 15% da renda obtida pelo filme mundialmente...

Tuco, o Feio, em uma das vezes que
quase é enforcado
A província da Almería, na Espanha, foi utilizada como locação para as filmagens. No longa, três pistoleiros competem para desenterrar um fortuna em ouro confederado enterrado em um cemitério perto de uma das batalhas da Guerra Civil Americana. Cada personagem é moralmente – e ironicamente – tachado como bom (Clint Eastwood), mau (Lee Van Cleef) e feio (Eli Wallach), definições que não se aplicam à lógica de funcionamento do Velho Oeste americano. Como o próprio Leoni costumava dizer, “é a sorte, e não a dignidade ou a nobreza, que define os destinos no faroeste”. Ao longo do filme, inclusive, os personagens se revezam na condição de bom ou mau, uma brincadeira que expressa essa visão do italiano sobre a moral no western.

Falecido há exatos 22 anos,
no dia 30 de abril de 1989
Na cena escolhida para o Frames para Sempre da semana, Tuco (Eli Wallach, ou o Feio) profere uma daquelas frases que entram para a história do cinema, até porque resume magistralmente qual é a regra básica de um bom Western: “When you have to shoot, shoot, don’t talk”, depois de um perseguidor demorar demais ao fazer um verdadeiro discurso sobre como demorou para encontrar Tuco e vingar-se dele. Detalhe: Tuco estava dentro da banheira, com a arma carregada, pronta para qualquer eventualidade!

Logo após a realização da “Trilogia dos Dólares”, Sergio Leone enveredou-se na produção de mais uma trilogia, desta vez chamada de “Trilogia da América”. Com filmes esteticamente perfeitos, o italiano dirigiu mais uma obra-prima, Era uma vez no Oeste (Once Upon a Time in the West, 1968). Mas essa fica para uma próxima postagem...

Confira abaixo a "cena da banheira":

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

0 comentários: