sábado, 12 de novembro de 2011

O vampiro curitibano está de volta!

Uma das poucas imagens
do autor
O vampiro curitibano não é facilmente encontrado, mas parece que o pessoal da editora L&PM Pocket conseguiu confiscar mais um manuscrito em troca de algumas bolsas de sangue. Deixando o folclore e o chiste de lado, a verdade é que acaba de sair Mirinha (L&PM Pocket, 96 páginas, R$12), novela do escritor Dalton Trevisan.

A fama de arredio e o apelido que Dalton conquistou não vieram por acaso. Nascido em 1925, em Curitiba, o escritor foge de jornalistas tal qual o mais ágil vampiro foge de alhos e crucifixos. Nem mesmo os livros do autor trazem fotos suas; os poucos registros fotográficos de Dalton foram feitos à espreita, um pouco antes do taciturno escritor avistar a lente da câmera e sumir. Só um bravo jornalista conseguiu a proeza de entrevistá-lo, mesmo assim porque Trevisan pensou que se tratava de uma conversa informal. O autor da façanha chama-se Mussa José Assis, que conseguiu publicar uma entrevista de Trevisan no Suplemento Literário do jornal O Estado de S. Paulo, em 1972. Confira aqui a história.

Trevisan em 2008, aos 83 anos. À direita,
reprodução da entrevista ao O Estado de
S. Paulo
Quando faturou o Jabuti, pelo livro Novelas Nada Exemplares, de 1959, não foi buscar. Mandou representante. Ganhou ainda outro Jabuti, com Cemitério de Elefantes, além de outras honrarias como o Prêmio Portugal Telecom de Literatura Brasileira e o Prêmio Fernando Chinaglia, da União Brasileira dos Escritores. Não há registros sobre sua presença em nenhum dos eventos.

Sobre a nova obra de Trevisan, as informações são escassas. Pelo breve trecho publicado no site da editora L&PM, dá para perceber que as características mais marcantes do autor estão ali – síntese aguda da linguagem e personagens, de alguma forma, marginais.

Postarei mais informações aqui no blog assim que conseguir comprar e ler o livro. Por enquanto, vale dar uma lida no trecho disponibilizado pela L&PM Pocket!


Lenço na cabeça, afogueada, frita os pastéis de banana, pelos quais o distinto se lambe. De repente dois pastéis voam ali na Santa Ceia. 

- Que é isso? Está doida?

Furiosa, alveja-o com pastéis, espirrando de gordura quente.

- Hoje sou eu.

Escada abaixo perseguindo-o, escumadeira em punho. Ele com um livro de baixo do braço. Até que escapole aos grandes pulos. 

- Seu gigolô barato. 

Com os gritos surgem na porta os vizinhos.
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