As irmãs Fokken atualmente: 50 anos na profissão mais antiga do mundo |
Não é novidade para ninguém que, quando falamos da profissão mais antiga do mundo, não estamos nos referindo à carpintaria praticada por Jesus Cristo há cerca de dois mil anos, muito menos à jardinagem que pode ter sido um dos hobbies de Adão e Eva nos longos e breves dias no Paraíso. O trabalho ao qual nos referimos é bem diverso, e acontece nas casas de favores, prostíbulos, puteiros ou qualquer nome que o valha. Apesar disso, o imaginário comum que forma a imagem das profissionais do sexo não costuma incluir mulheres velhas, que de fato tenham passado todo o tempo de suas vidas justificando a alcunha que o seu trabalho recebe.
Pois é esse estereótipo que o documentário holandês Meet the Fokkens quebra de maneira chocante. O filme conta a história de duas irmãs gêmeas, Louise e Martinne Fokken, que vivem há mais de cinqüenta anos em Amsterdã tendo como fonte de sustento a prostituição, no chamado distrito da luz vermelha. E não, elas não são cafetãs. Aliás, grande parte de seu sucesso se deve ao fato de terem se afastado dos intermediadores e fundado seu próprio “escritório”. Com espírito empreendedor, as irmãs de Amsterdã criaram, ainda que em caráter informal, o primeiro sindicato de putas do qual se tem notícias.
O filme, co-dirigido por Rob Schroder e Gabrielle Provaas, leva o espectador a partes de Amsterdã ligadas às memórias das irmãs. Martina e Louise aparecem em cenas comprando vibradores como se faz a compra de supermercado, discutindo prós e contras de cada produto. Nas palavras da organização do 24º Festival Internacional de Cinema de Amsterdã, onde foi exibida pela primeira vez, a obra está "repleta de detalhes picantes sobre clientes às vezes inesperados, como um padre".
O controverso documentário holandês foi um dos filmes mais vistos do país, já foi adaptado para o teatro e, segundo os organizadores, rendeu um livro que já vendeu 20 mil cópias. É claro que, junto com o sucesso, vieram as polêmicas. Muitos espectadores reclamaram da suposta glamourização da vida das prostitutas – similar às críticas feitas ao longa Bruna Surfistinha por aqui no Brasil. Enquanto isso, outras pessoas acreditam que o filme é um exemplo de vida e perseverança.
As Fokkens começaram na prostituição ainda jovens |
Fora de todo esse debate sobre os possíveis legados e maus exemplos da obra, a participação das gêmeas sexagenárias no filme aponta para uma realidade inescapável: o longa é, para ambas, uma oportunidade de ganhar algum dinheiro. Louise largou a prostituição há dois anos, e o dinheiro que Martine arrecada atualmente não supre as necessidades das duas. “Ela precisa do dinheiro. Não dá para viver da pensão do Estado", diz Louise sobre a irmã.
Embora o mercado de documentários não seja particularmente lucrativo, as irmãs estão paralelamente escrevendo um livro de memórias que, esperam, vá contribuir com a poupança do futuro.
Veja o trailer do documentário (com legendas em inglês):
Fonte: BBC Brasil
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