quinta-feira, 3 de novembro de 2011

A felicidade é fácil, novo livro de Edney Silvestre

Após uma estreia elogiadíssima com Se eu fechar os olhos agora, Edney Silvestre lançou nesta quinta-feira (03/11), na Livraria da Travessa do Shopping Leblon, seu segundo romance. Intitulado A felicidade é fácil (Record, 224 páginas, R$29,90), o livro tem uma tiragem de 15 mil exemplares e chega às livrarias rondado de expectativas: será que o autor vai repetir o sucesso e os prêmios conquistados no primeiro trabalho?

A nova experiência de Edney Silvestre no universo da ficção conta a história de dois pais, Olavo e Mara, que recebem a notícia do sequestro do filho, na cidade de São Paulo. O tempo de ação é restrito: em um ano não especificado – embora as referências remetem ao início da década de 90 – o romance vai das 7h20 do dia 20 de agosto às 5h34 do dia 21, incluindo três flashbacks. 

O pano de fundo para a trama é o Brasil governado por Fernando Collor. Com as dificuldades financeiras causadas pelo programa de desestatização empreendido pelo “caçador de marajás”, foram extintos mais de 920 mil postos de trabalho e a inflação chegou aos 1200% ao ano. Além, é claro, do famigerado confisco das contas bancárias de milhões de brasileiros, executado de maneira desordenada pela equipe econômica da época, capitaneada por Zélia Cardoso de Mello.

Se eu fechar os olhos agora não só conquistou o Jabuti na categoria “Romance” como já vendeu 29 mil cópias desde 2009. E o sucesso não se restringe ao Brasil. O livro vem alcançando bons resultados também no exterior, com direitos vendidos até agora para Alemanha, França, Holanda, Itália, Sérvia e Portugal. Segundo a Record, a obra já foi publicada nos últimos dois países, onde recebeu “ótimas críticas”.

Edney Silvestre tenta repetir
 sucesso do primeiro romance
Depois de lançar o livro no Rio, no sábado, dia 05, o autor estará em São Paulo, onde autografa os livros na Livraria Cultura do Conjunto Nacional (Av. Paulista, 2073 - 01311-940 - Bela Vista - São Paulo – SP), às 11h. O último destino é Brasília, no dia 08, onde o lançamento ocorre na Saraiva MegaStore do Shopping Pátio Brasil (SCS/B - Lote A, Nível 1 - Brasília/DF), às 19h.

Polêmica com Chico Buarque

A premiação do Jabuti de 2010 causou uma ligeira rusga entre Edney Silvestre e Chico Buarque. Isso porque o jornalista venceu na categoria “Romance”, superando o Leite Derramado de Chico. Entretanto, na categoria mais importante, “Ficção”, o compositor levou a melhor, causando protestos.

Revoltados com a falta de critério na premiação, internautas chegaram a criar uma petição online com o título “Chico, devolve o Jabuti!”, que conquistou quase 6 mil assinaturas. Apesar dos protestos, Chico Buarque manteve o prêmio.

Veja aqui o booktrailer do romance!

Confira um trecho de A felicidade é fácil

A felicidade é fácil. Basta uma folha de papel e uma caixa de lápis de cor, pensou, quase no mesmo instante em que a primeira bala o atingiu.

O olho e a mente treinados registraram, imediatamente: um homem encapuzado, grande, vestindo uma japona escura, apontando para ele e disparando com a mão esquerda um revólver Magnum de cano longo, saindo da caminhonete preta que acabara de barrar a passagem do Mercedes-Benz, dois carros menores a bloquear qualquer possibilidade de fuga por trás, um sedã preto atrás destes, outros encapuzados saindo dos automóveis menores, todos a correr em sua direção, um, dois, três, quatro, cinco homens, com armas nas mãos, revólveres e pistolas, nenhum deles empunhando nada maior, o que pretendem, o que querem, ele se perguntou, o ombro direito ardendo da bala que o atravessara, apoiando-se na perna esquerda, erguendo o tronco e virando o corpo para o banco onde o menino parou de desenhar e olha para ele com curiosidade e incompreensão, enquanto grita para a criança, sem lembrar-se que ela nada ouve, enquanto grita que se abaixe, que se deite no piso do carro, ao mesmo tempo que vê os homens encapuzados se aproximando em sua direção, só um dos encapuzados atira, o que tem a Magnum prateada de cano longo na mão esquerda, o sujeito grandão que saiu da caminhonete preta, deve ser ele, tem que ser ele, mas o menino não se mexe e Major não o alcança, sentindo o impacto de outra bala, desta vez no ombro esquerdo, deve ser um atirador de elite que não pretende matá-lo, se não teria atirado em sua cabeça, tem pontaria e visão para isso, raciocina, empurrando o corpo mas só conseguindo pegar a mochila verde e preta enfeitada com bichinhos de desenhos animados, ao mesmo tempo que dois encapuzados abrem as portas traseiras do Mercedes-Benz e ele recua no banco da frente, quer pegar a pistola Glock semiautomática que mantém presa na parte de trás do cinto, amaldiçoando-se por não ter feito isso logo, em vez de tentar primeiro salvar o menino, mas o encapuzado de japona escura já está a seu lado, disparando três vezes seguidas a Magnum 3.57 em seu pescoço e nuca.

O menino é puxado pelos encapuzados dos carros menores, tem a cabeça coberta por um saco, é passado ao motorista da caminhonete escura, que o carrega até ela e o empurra para dentro do porta-malas.

O grandalhão da Magnum 3.57 de cano longo joga sobre o corpo inerte do Major uma folha de papel rijo, onde estão escritos dois longos números. Uma seta, riscada com caneta hidrográfica, aponta da primeira fileira de algarismos para a segunda. Com a mesma caneta, do outro lado, está anotada a frase Temos seu filho.

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