sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

O tiroteio final em Taxi Driver

Taxi Driver (idem, 1976), quinto filme da carreira de Martin Scorcese, foi a segunda edição da bem-sucedida parceria entre o diretor americano e Robert de Niro – o primeiro longa com os dois juntos fora Caminhos Perigosos (Mean Streets, 1973). Acabou sendo também a última trilha sonora de Bernard Herrmann, consagrado pelos trabalhos com Alfred Hitchcock, entre eles a inesquecível trilha de Psicose (Psycho, 1960), que se tornou sinônimo de suspense. Acrescente aí a agonia existencial de Travis Bickle, vivido magistralmente por De Niro, enquadrada por um realismo acachapante da Nova York dos anos 70. Eis alguns dos motivos que fazem do filme um clássico a ser lembrado pelo Frames para Sempre da semana. 

Jodie Foster em seu primeiro
grande sucesso, aos 14 anos
No roteiro escrito por Paul Schraider, Travis seria um personagem negro, o que foi alterado para não incutir um teor racista na história do recém-dispensado fuzileiro naval. Com 26 anos, a insônia o leva a trabalhar como taxista no período da madrugada. Ao mesmo tempo em que mata o tempo livre assistindo a filmes pornográficos em salas de cinema populares, Travis passa a alimentar repulsa pelo que considera a escória da sociedade. Um ódio que atinge graus elevados quando é rejeitado por Betsy (Cybill Shepherd), funcionária de um escritório do partido do candidato à presidência Charles Palantine (vivido por Leonard Harris) – aí vem a sensacional cena em que De Niro experimenta armas na frente do espelho, encarando-se com um perturbador “You talkin’ to me?”. Em seguida, conhece “Easy”, uma prostituta juvenil vivida por uma Jodie Foster, então com 14 anos; o encontro faz Travis pensar que talvez a “escória” seja tão vítima quanto ele. Nesse caso, precisa fazer algo. 

Com cabelo moicano, uma alusão à postura de soldados em posição de comando na Guerra do Vietnã, Travis vai para o prostíbulo onde Easy trabalha e leva a cabo sua própria “limpeza” da cidade em uma das cenas de tiroteios mais explícitas do cinema. Por conta disso, Scorcese teve de diminuir a saturação das cores na cena, deixando o vermelho do sangue menos intenso, e as cópias originais foram perdidas. Em entrevista posterior, gravada para uma edição em DVD do filme, Michael Chapman, diretor de fotografia, lamentou a decisão de Scorcese e o fato de não existirem mais cópias com as cores inalteradas. 

Controvérsias à parte, vejamos a cena final de tiroteio em Taxi Driver.


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